Tuesday, June 26, 2007

«neo-expressionismo»


O ernesto de sousa escreveu repetidamente nos anos 80 coisas como esta: «toda a arte é mais ou menos conceptual». Òbviamente que muita da arte produzida nesta década não é mais nem menos conceptual, pura e simplesmente passa ao lado, enquanto muita da arte com um ar neo-expressionista estava muito mais próxima de problemas e questões «duras» que vinham da arte conceptual e seus sucedâneos do que alguns artistas que se mantiveram fieis às «vanguardas». Porém o Ernesto de Sousa tinha razão ao insistir no «mais ou menos», dando um ar de complexidade e alguma moleza ao que antes eram questões «radicais».O final dos anos 70 já fora suficientemente mole. O neo-expressionismo foi a solução «fácil» que traduzia a ângustia apocaliptica da època. Mas se examinarmos o percurso da maior parte dos protagonistas deste periodo, incluindo até artistas mais assumidamente líricos como o Pedro Casqueiro a observação do Ernesto de Sousa é pertinente - trata-se de artistas «mais ou menos conceptuais» que ou passaram pela pintura (a correr?), ou gostam mesmo de pintar, ou têm dificuldade em livrar-se dos meios tradicionais, ou ainda porque consideram que a pintura é uma forma de resistência a tecnologias expropriantes. Ou que há coisas que só se podem dizer em pintura, assim como há outras que só se podem dizer fora dela. A arte ainda pode «salvar» o mundo, como o pretendia Joseph Beuys e tantos outros? Não sei! Mas a arte é a forma de que a nossa experiencia no mundo seja mais fecunda e complexa - uma «salvação» indefenitiva e inacabante. Assim o neo-expressionismo foi a oportunidade de chamar a atenção para inúmeros temas a que não somos alheios, com muitas piscadelas de olhos ao paleolítico - isto é, ao que em nós se mantém biológicamente «menos artificial». O que não sei se é uma virtude...

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