Monday, March 12, 2007

obras emblemáticas

As torres das Amoreiras do Taveira foram o emblema de uma classe emergente nos 80. Havia nelas algo de escandaloso e de frívolo, adjectivos que agradarão certamente ao arquitecto. São a expressão plástica do primeiro «cavaquismo» (Sisa será a do segundo), onde circulavam correctores endinheirados que seriam traídos pelo crash da bolsa de 1987. As amoreiras são o clichê do post-moderno, para o bem e para o mal e para além deles.

A obra mais sintomática das «artes» dos anos 80 foi a «decoração» feita pelo Pedro Cabrita Reis no bar Frágil - uma «gruta» texturada onde, se a memória não me falha, dominavam tons negros e dourados - decoração desaparecida e substituída por outras, mas de muito menor impacto mediático. É uma obra de 85, na altura em que os «mitos» e a influência de Kiefer se faziam sentir no trabalho de Cabrita. Este cenário que deve ter influênciado milhares de conversas, seduções, etc. Fazem nas longas noites da minha geração.

O cinema e a literatura foram dominados por séniores, como o Manuel de Oliveira nos seus mais longos e lentos filmes, e os romances do Saramago, sobretudo o Memorial do Convento.

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